No momento de se expor no mundo corporativo, qual é o seu maior medo?

Renato da Rocha Neto
29/12/2020

No momento de se expor no mundo corporativo, qual é o seu maior medo? Talvez muitos respondam que o maior medo é falar em público, para uma grande audiência. De fato, este tipo de comunicação pode nos fritar a mente e nos deixar nervosos, inclusive paralisando aquele discurso que temos na ponta da língua.

Algumas pessoas conseguem enfrentar este obstáculo de falar com multidões e desenvolvem uma grande capacidade de se comunicar com públicos volumosos presentes em auditórios para assistir àquela palestra tão aguardada. Por outro lado, um tipo de comunicação fundamental para o nosso desenvolvimento profissional e que é tão esquecido nos treinamentos de COMUNICAÇÃO ORAL é o diálogo um a um, aquele em que você precisa, de alguma forma, interagir com a sua chefe que acaba de entrar no elevador, ou quando você se depara sozinho, ao lado do CEO da empresa, em um evento corporativo, e até mesmo em ocasiões mais inusitadas quando você está na sua hora livre correndo no parque e dá de cara com aquela pessoa do seu trabalho com a qual você raramente interage. Este tipo de conversa, o diálogo um a um, pode ser tão assustador e paralisador quanto aquele discurso para multidões.

 

Mesmo embora o diálogo um a um aparentemente seja dispensável, é por meio dele que se estabelecem as maiores e mais duradouras relações profissionais. No momento em que você encara este desafio e consegue romper os obstáculos da conversa isolada com outra pessoa, você andou somente metade do caminho. A outra metade vai além de sustentar esta conversa, buscando torná-la interessante e produtiva. Como isto não é tarefa fácil, vamos seguir alguns passos simples e eficientes que podem tornar suas conversas um a um como ponto chave do desenvolvimento de novos parceiros profissionais.

Imagine-se em uma situação em que você entra no elevador e encontra aquela pessoa com a qual você não tem muita afinidade, ou quase nenhuma afinidade. Nesse momento, normalmente falamos sobre coisas triviais, fazendo comentários sobre o clima, trânsito e outras pautas rápidas e completamente superficiais. No entanto, estes tópicos estão batidos e só mostra o quão desinteressante esta conversa vai ser. Por isso, evite conversas fiadas! Utilize este momento como um ponto de oportunidade, reconhecendo que é uma situação única e, portanto, exige um comentário inicial também único.

Outro ponto importante para lidar com conversas diárias nas quais nos deparamos é sempre considerar as opiniões das outras pessoas. Todas as pessoas têm opiniões sobre tópicos que vão além daqueles polêmicos como política, futebol e religião. Quando você está em um happy hour da empresa e se senta ao lado de uma pessoa que você mal conhece, qual é o seu comportamento? Você normalmente quer demonstrar o quanto sabe sobre determinado assunto? Você assume a dianteira e começa a definir as pautas daquela conversa? Se sim, talvez isto não seja o caminho ideal para estabelecer um bom rapport. Algumas pessoas não gostam de falar sobre si, mas são estimuladas a falarem suas visões quando perguntadas sobre suas opiniões acerca de um tópico específico. Neste happy hour, procure induzir as pessoas a darem suas opiniões sobre os filmes que estão concorrendo ao Oscar, sobre aquela série que está na moda, sobre aquele novo álbum lançado pela banda em voga. Caso sejam tópicos muito restritos, procure estimular a pessoa a falar sobre suas opiniões acerca de um gênero de filme ou música, ou sobre determinada linha de roupa ou estilo de decoração. Dessa forma, a pessoa terá a oportunidade de falar sobre si de um jeito leve e descontraído.

No momento que as pessoas expõem suas opiniões, elas passam a ficar suscetíveis. Isto acaba sendo um gancho para você estabelecer ainda mais aquele estado de sintonia. Para isso, não se esqueça de pedir recomendações sobre coisas que a pessoa demonstrou conhecer mais. Além disso, você também pode pedir recomendações sobre coisas que estão em pauta na cidade ou naquele bairro, como “o que vocês acham daquele novo restaurante que abriu na Alameda Santos?” ou “qual restaurante tailandês vocês mais indicam?”. Estas perguntas abrem ainda mais espaço para que a outra pessoa fale, permitindo que vocês estabeleçam, juntos, maior nível de empatia e mais pontos em comum.

 

Após dar à outra pessoa a abertura necessária para que se exponha de forma a se conectar a você, não se esqueça que isto não é uma disputa ou um jogo em que é preciso haver um ganhador. Dessa forma, não se esqueça que trazer a outra pessoa para a conversa não é suficiente; é preciso que você também entre na conversa. Caso não identifique oportunidades claras para fazer isso, utilize o ambiente a seu favor. Busque comentar aquilo de mais gratificante que você vê naquele ambiente, deixando a negatividade de lado. Não comente em tom negativo como a música está alta ou como o ambiente está muito abafado, mas comente como aquela música é agradável ou como o ambiente é aconchegante; caso esteja no ambiente da empresa, não comente sobre as fragilidades das outras pessoas, mas tente enaltecer os pontos positivos daquelas pessoas que não estão na conversa.

Com estas técnicas simples, você se insere em qualquer conversa, se faz presente e agradável e ainda fará com que a outra pessoa se sinta confortável ao seu lado. As pessoas amam falar de coisas que são importantes para elas, e é por meio destas coisas que você terá o início de uma relação sólida.

Ahh, e não se esqueça de adaptar cada conversa de acordo com o ambiente em que estão, grau de instrução da outra pessoa e até mesmo o seu próprio humor. Dessa forma, poderá estabelecer uma relação empática com todas as pessoas ao seu redor.

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